Os mitos e as histórias fazem parte da Cultura de um povo, contribuindo, em certa medida, na formação da identidade dessa Sociedade. Falar do Fogo sem falar das suas histórias e mitos é impensável. A ilha contém uma imensa riqueza de histórias guardadas e contadas pelos nossos avós e por pessoas sábias mas que, com o passar dos anos, se têm vindo a perder da memória coletiva do Povo.
Este novo projeto “NÔS IDENTIDADE” irá retratar de forma original e criativa a história de todas as ilhas do arquipélago através de frases, desenhos e simbologias que serão disponibilizados num pacote, t-shirt + folheto digital + saco ecológico.
O conceito da marca Sintonton Séb teve como origem "retratar o que há de melhor em Santo Antão" tendo nesta nova fase, valorizar e preservar o legado histórico de Cabo Verde.
Nota: A presente T-shirt sobre Fogo está sujeita a novas edições, sendo impossível contar toda a história da ilha numa única simbologia.
O vulcão do Fogo que dá nome à ilha possui 2.829 metros, sendo o ponto mais alto de Cabo Verde, e permanece ativo, com uma caldeira de 8 km de diâmetro e abertura para Este. A primeira erupção vulcânica de que se tem notícia foi no ano 1500 tendo, até aos dias de hoje, entrado em atividade quatro vezes, sendo estas datadas nos anos de 1951, 1995 e 2014. “O Pico do Vulcão", como é localmente conhecido, constitui o “ex-libris” da geodiversidade de Cabo Verde. É o cone principal de um vulcão ativo que constitui o ponto mais elevado da ilha e do país com 2.890 metros de altitude.”
O Parque Natural do Fogo situa-se na zona central da ilha do Fogo e é constituído pelo vulcão, pela cratera, pela bordeira e pelo perímetro florestal de Monte Velha. Possui uma área de 8.468,5 hectares e situa-se na confluência dos três municípios da ilha: São Filipe, Santa Catarina e Mosteiros. Um dos mais importantes ecossistemas da agricultura de sequeiro de Cabo Verde. O parque foi criado em 2003 tendo em vista a conciliação entre o aproveitamento turístico com a proteção e conservação do ambiente da região.
(ilha do Fogo, Chã das Caldeiras 1932 – 2016) Descendente do conde francês Armand de Montrond que viveu no Fogo durante os finais do séc. XX, nasceu e viveu em Chã das Caldeiras. Djonzinho aprendeu a tocar violino ainda criança e com dez anos já animava festas tradicionais da ilha do Fogo ao ritmo de “Talaia Baixo” e “Mazurca”. Ao longo da sua vida Djonzinho fez-se acompanhar do seu violino vindo a ser considerado um exímio instrumentista de Talaia Baixo.
Estima-se que haja mais de 500 vinhas na ilha do Fogo, das quais 36 em regime de regadio e as restantes (464 ha) em regime de sequeiro. A maioria da produção vem dos Concelhos de Santa Catarina e de Mosteiros, estando os agricultores organizados em duas cooperativas que se dedicam à produção do vinho, utilizando procedimentos vinícolas diferentes entre si. Cabo Verde conquistou duas medalhas de ouro com dois dos seus vinhos produzidos na ilha do Fogo, no 26º concurso internacional de vinhos extremos. A procura é atualmente superior à quantidade do produto que é colocada no mercado nacional e internacional. O vinho do Fogo destaca-se cada vez mais como um dos produtos Made in Cabo Verde de referência.
São as casas tradicionais de Chã das Caldeiras. Construções de forma circular, feitas de basalto recolhido diretamente das lavas e cobertas com folhas de carrapato de forma cónica. Hoje, com a sua nova arquitetura, são cobertas de betão e utilizadas sobretudo para guardar utensílios de lavoura da terra e abrigar pessoas quando saem para o campo.
Construído há mais de um século, constitui um grande atrativo turístico do Município de Santa Catarina. Foi outrora porto de descarga de mercadorias para o sustento da ilha. A sua paisagem negra e acastanhada das lavas submarinas resultantes de atividades vulcânicas, torna-o num local fascinante muito procurado pelos turistas nacionais e não nacionais. A sua bela praia de areia preta é visitada pelas tartarugas nos meses de junho a outubro para a desova.
Ao chegar ao conhecido farol de Alcatraz pode-se ver a força da natureza dum mar revolto que os navegadores temem mas que outrora cumpria e ainda cumpre a importante função de sinalização marítima. O farol situado na falésia com mais de 100 metros de altura e 746 escadas rumo acima, constitui um desafio para aqueles que o queiram visitar mas que certamente serão compensados com a tranquilidade do bater das ondas e uma vista deslumbrante do local digno de ser considerado umas das 7 maravilhas do Município de Santa Catarina.
Também conhecido por “Cá Djédji Tongom”, foi construído por Manuel do Sacramento Monteiro que foi pai do último Governador-Geral de Cabo Verde, Leão Rosado do Sacramento Vicente Barbosa, de 1967 a 1974.
Ubaldo Ferreira dos Santo como é conhecido, foi construído na década de 30 do século XX, pelo comerciante e proprietário Manuel Ferreira, originário da localidade de Forno (zona sul), e que, de entre outros produtos, comercializava sementes de purgueira e de rícino, produtos que eram exportados na época para Portugal.
Ana José Rodrigues (ilha do Fogo, 1866 – 1957) a mais afamada e conhecida cantadeira da história da ilha do Fogo, expoente do Kurkutisan, género musical típico do Fogo apelidado também de Rafodjo ou Rodriga (cantigas improvisadas em bailes populares). A sua grande capacidade de improvisar, de variar os ritmos das suas cantigas e a habilidade criativa inigualável, fizeram de Ana Procópio uma referência cultural da ilha, tornando-a numa lenda e numa figura sempre presente no domínio cultural da ilha. Apesar do género musical “Kurkutisan” ser, por vezes, ofensivo e maldizente, Ana privilegiou “o amor e a alegria.” Ela tinha consciência da sua beleza e do seu poder de sedução. Mulher de muitos amores, usou o seu livre arbítrio de forma orgulhosa. Em 1987, foi inaugurada na localidade de Campanas, uma escola com o nome de Ana Procópio, em homenagem ao seu importante papel na cultura local.
Também conhecido por “Cá nha Candjana”, foi construído no início da segunda metade do século XIX, por João Monteiro de Macedo, pai de Abílio de Macedo, uma das mais importantes personalidades da história de Cabo Verde no século XX. Um dos sobrados mais antigos da cidade de São Filipe.
Também conhecido por “Cá nha Candjana”, foi construído no início da segunda metade do século XIX, por João Monteiro de Macedo, pai de Abílio de Macedo, uma das mais importantes personalidades da história de Cabo Verde no século XX. Um dos sobrados mais antigos da cidade de São Filipe.
A atual Praça do Presídio foi construída pelo administrador do Concelho Luís Silva Rendall. Até 1940, o lugar era a extensão da praça militar (presídio), lugar que alojava as tropas. O Forte de São Sebastião, como se chamava, foi construído juntamente com o Fortim D. Joaquina Carlota em defesa dos piratas, em 1667 pelo Capitão-mor, Christovam de Gouveia Miranda. O Presídio era de formato triangular e pavimentado em pedra, com bancos e dispunha de iluminação. Com uma superfície de mil quatrocentos e setenta metros quadrados, foi ampliado em 2006 tendo sido a calçada substituída por piso de cimento. No centro, existe uma fonte de água (repuxo) e um busto dedicado ao governador Serpa Pinto (1894 – 1897). A fonte foi colocada em homenagem do trabalho de canalização de água de Aguadinha (nascente na Serra) para o depósito de Aguadinha (Cidade São Filipe).
(São Lourenço, Ilha do Fogo, 1919 - Oeiras, Portugal, 2006) licenciou-se em Medicina em Lisboa em 1945, tendo frequentado também o Instituto de Medicina Tropical do Porto. Mais tarde, especializou-se em nutricionismo e foi inicialmente colocado como médico em Timor Leste. Teixeira de Sousa fixou-se no ano seguinte na sua ilha natal do Fogo, onde foi notável a sua ação em prol de estruturas mínimas de saúde pública. Exerceu posteriormente em São Vicente, até se aposentar em vésperas da independência (1975) e se fixar em Oeiras, onde viveu até aos seus últimos dias. Em reconhecimento do seu contributo inegável ao país, o seu busto está presente na nota de 200 escudos cabo-verdianos.
Eodolindo Ledo Pontes, (São Filipe, Março de 1912 - Maio de 2004) popularmente conhecido por Minó de Mama. Seu pai, músico e tocador de gaita, acabou por influenciar Minó transformando-o num exímio tocador desse instrumento. Sua mãe, conhecida por “Miôda”, era cantadeira e normalmente acompanhava o marido nas festas. Foi num ambiente de festas que Minó aprendeu a tocar a gaita. Chegava mesmo a “roubar“ a gaita ao pai e tocava-a às escondidas. Com a morte do pai, Minó, ainda menino, acompanhava a mãe que continuara a cantar nas festas sempre que convidada. Minó di Mama gravou apenas um disco intitulado “Talaia Baxu ”, em Maio de 1999, através da Editora Sons d´África, com o Produtor Musical Quim Alves. Autor da música mais popular da ilha do Fogo – Minó di Mama, veio a ser o seu pseudónimo artístico. Durante a sua carreira artística atuou em palcos nacionais e internacionais levando consigo a sua música contagiante “Talaia Baxu”.
No centro da ilha, no sopé do Monte Inhuco, junto a uma pequena nascente de nome “chupadeiro” abre-se uma entrada de 1 metro de altura para uma ampla abóbada e longuíssimo corredor subterrâneo que mergulha até ao fundo do coração da ilha, por mais de 250 metros. Das suas paredes ouve-se o gotejar das águas que, juntamente com uma corrente de ar frio, proporciona um clima bastante agradável. Local que merece ser visitado.
(ilha do Fogo, 1890 - cidade da Praia 1942) escritor cabo-verdiano, professor do ensino primário, salientou-se no jornalismo ao defender os interesses sociais, políticos e económicos de Cabo Verde. Publicou uma série de sonetos e redondilhas, dirigiu o jornal Manduco, colaborou no jornal Voz de Cabo Verde onde publicou cerca de 33 crónicas de intervenção cívica e política. No campo da política e do jornalismo, Pedro Cardoso assumiu-se como um ardente defensor do continente negro e da dignificação do homem africano, usando nas suas obras literárias o pseudónimo “Afro”.
Nos primeiros séculos do povoamento da ilha do Fogo, os habitantes da pequena povoação que na altura se chamava Sam Filipe, viviam sobressaltados devido aos frequentes ataques dos piratas que tudo levavam à sua passagem: escravos, animais, ouro das igrejas, roupas finas e alimentos. De uma das vezes, os piratas desembarcaram, já depois da meia-noite, na Praia do Ladrão (em crioulo, "Pa'ladrom") situada a norte da povoação. Abasteceram-se de água na nascente local, roubaram algodão e animais no morgadio de Pombal, seguindo caminho em direcção da povoação de São Filipe para saquear a Igreja e as casas mais ricas. Já bastante perto do destino com a madrugada a clarear, um jovem pastor, preparava-se para ordenhar os seus animais. Foi então que ouviu o barulho dos piratas marchando em direção à povoação e, cheio de medo, correu para cima de um monte e fez a única coisa que estava ao seu alcance para avisar do ataque. Gritou: PIRATAS! Foi um grito tão forte, tão potente e tão prolongado que acordou toda a povoação e arredores. Acordadas, as pessoas pegaram nas armas e, com coragem, enfrentaram os piratas que, assustados com o grito que tinham ouvido, fugiram, deixando tudo para trás. Celebrando a vitória, as pessoas perguntaram quem havia gritado daquela maneira. Ninguém sabia. O grito parecia ter vindo do lado norte, depois da Ribeira Trindade. Caminharam naquela direção, subiram o monte e encontraram o jovem pastor caído no chão, rodeado pelas suas cabras: o grito tinha sido tão forte e tão desesperado que a garganta e o coração não resistiram, matando o salvador da ilha. Mas as pessoas não se esqueceram do gesto corajoso e nobre do pastor que salvou as suas vidas e, desde então, o monte é conhecido por todos os foguenses por Monte Grito.
(França, Lyon 1836 - Cabo Verde, Fogo 1900) originário de uma família aristocrata da região de Lyon, homem afortunado e culto, frequentou o terceiro ano de medicina. A sua vinda ao Fogo foi rodeada de mistério. Para uns, ter-se-á refugiado, depois de participar na revolução de 1848, para outros, para fugir à justiça Francesa. Antes de Cabo Verde, Montrond passou por Lisboa, embarcando de seguida num barco com destino à América do Sul, África do Sul ou outro destino. A embarcação da linha inglesa escalou no Porto Grande em São Vicente para se reabastecer de água e de carvão. Terá ficado nesta ilha, deslocando-se depois à ilha do Fogo, não se sabendo ao certo por que razão. Armand Montrond comprou terras na parte central e montanhosa da ilha, onde cultivou café, laranjas, vinha (desenvolveu o fabrico de vinho) introduzindo o feijão congo. Destacou-se na captação de sistemas de adução de água na zona de Ribeira Ilhéu e com a sua formação, mas sem equipamentos e medicamentos, curou muitas doenças devido ao bom conhecimento das plantas medicinais.
É uma cantiga de desafio, de contenda verbal e de esperteza, em que dois cantadores se injuriam mutuamente de forma jocosa, usando uma linguagem mordaz e obscena, por vezes, com intenção ofensiva e maldizente. Era utilizada para satirizar os grandes senhores proprietários de terras ou mesmo a sociedade em geral, caricaturando aspetos imorais das pessoas ou o desregramento social.
Antigamente a apanha do café era uma atividade que movimentava o Concelho dos Mosteiros, parecendo uma festa. Era comum ver as pessoas trocarem o café acabado de apanhar por produtos de primeira necessidade. Terminada a colheita do café, dava-se uma festa com tambores e bandeiras. Era altura também em que alguns produtores presenteavam as apanhadeiras do café. O café produzido junto ao vulcão da ilha do Fogo é um produto emblemático de Cabo Verde. É 100% biológico, cultivado com métodos artesanais sem qualquer intervenção de máquina ou produtos químicos.
Talaia Baxu é um ritmo musical que teve origem em meados do séc. XIX nas encostas do vulcão da ilha do Fogo, cujas letras, na sua origem, representavam as lamentações, as desgraças e os prejuízos resultantes das erupções vulcânicas. Letras consideradas igualmente sarcásticas, as cantadeiras populares das festas de Bandeira da ilha do Fogo, retratam as vivências do povo em composições mais modernas, embora continuem a retratar essencialmente as vivências da ilha do Fogo. No dia 1 de fevereiro, comemora-se o Dia Nacional da Talaia Baxu em Cabo Verde.